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Minha Sombria Vanessa - Kate Elizabeth Russell


Título Original: My Dark Vanessa
Autor (a): Kate Elizabeth Russell
Data de Publicação: 2020
Número de Páginas: 432
Editora: Intrínseca
Classificação: 


Em 2000, Vanessa Wye é uma estudante solitária de ensino médio. Talentosa e com o sonho de ser escritora, Vanessa diz não se importar de ficar sozinha, principalmente quando seu professor de inglês, Jacob Strane, um homem de 42 anos, começa a prestar atenção nela, elogiando seu cabelo, suas roupas e lhe emprestando alguns de seus livros favoritos ― como Lolita, de Nabokov. Antes que Vanessa perceba, os dois embarcam em uma relação e a jovem acredita que o professor a ama e a considera especial.

Mais de uma década depois, uma ex-aluna acusa Strane de abuso sexual, e Vanessa começa a questionar se o que viveu foi realmente uma história de amor ou se não teria sido ela também uma vítima de estupro. Mesmo depois de tantos anos, Strane ainda é uma presença constante em sua vida. Como ela seria capaz de rejeitar o que considera seu primeiro amor?

Alternando entre presente e passado, o livro justapõe memória e trauma ao entusiasmo de uma adolescente descobrindo o poder do próprio corpo. Instigante e impossível de largar, o livro retrata com maestria a adolescência conturbada e suas consequências, para refletir acerca de liberdade, consentimento e abuso. Escrito com intimidade e intensidade assustadoras, Minha Sombria Vanessa capta brilhantemente os costumes culturais em transformação que guiam nossos relacionamentos e a própria sociedade.

 

ESSA RESENHA PODE CONTER MUITO, MUITO SPOILER!

Há muito tempo um livro não mexia tanto comigo. Na verdade eu não sei se algum dia já li algo que conseguiu me atingir tão profunda e dolorosamente quanto Minha Sombria Vanessa. Senti-me afundando, sufocada, desesperada, vazia, devastada e dominada por um misto de sentimentos. Com certeza essa é uma história que vai me acompanhar por muitos e muitos anos. É difícil acreditar que esse livro não é uma biografia, porque é uma história tão visceral, tão dolorosamente real que parece difícil não ser contada por alguém que vivenciou cada segundo daquele pesadelo. O livro não seguiu o caminho que eu queria para ele, porque a autora não queria nos contar uma história de superação e final cor-de-rosa, ela queria que a gente vivesse a dor, a culpa, a dúvida, o medo, o trauma... 

A história de Vanessa está marcada em mim. Esse foi certamente um dos livros mais difíceis e cruéis que eu me permiti ler. É interessante como eu consegui entender cada acerto e cada erro de Vanessa e dos seus pais. Entendi porque Vanessa não quis falar sobre o abuso sofrido, foram anos de manipulação mental por parte de Strane, ele foi esperto o suficiente para fazê-la acreditar que tudo foi consensual e que independente da idade ela era muito madura mentalmente e concordava com cada coisa que ele fazia. Além disso, havia a vergonha. Quando ela se permitia questionar o que aconteceu, a vergonha era avassaladora, logo era mais "fácil" colocar todas as dúvidas no cantinho escondido de sua mente e acreditar que o abuso foi um romance e que as manipulações na verdade eram provas de amor.

Admitir o abuso seria abrir uma caixa emocional cheia de dor, dúvidas e traumas. Então a insistência de algumas pessoas para que ela relatasse sua história me irritou, porque ela era vítima e tinha todo direito de não querer expor a sua dor. É válido o discurso de que ela falar poderia ajudar a evitar outras vítimas, mas ela estava destroçada e precisava de espaço e, principalmente, precisava entender o que tinha vivido.

Strane foi covarde até o fim. Ele manipulou e abusou de quem não tinha como se defender e quando confrontado pela verdade do que fez durante anos e com várias garotas optou pela "fuga" cometendo suicídio e morrendo como um mártir. Odiei o final dele, foi tudo que eu não queria, mas foi real e talvez o melhor para suas vítimas. Ele não poderia ligar para elas, escrever-lhes cartas e importuná-las. A prisão dele significaria justiça, a morte dele, para mim, significou liberdade. 

A história de Vanessa não teve um fim e fica claro que ela terá um longo caminho de recuperação e recomeço pela frente. Acho que pela primeira vez um final aberto não me irritou. Certamente tantas coisas pelas quais ela passou não são fáceis de superar. Na verdade, a gente precisa levar em consideração que algumas pessoas simplesmente não conseguem seguir em frente, mas eu terminei a leitura com a esperança de que ela seguirá. Escrevo essa resenha pensando em Vanessa, torcendo para que ela continue indo ao terapeuta, para que consiga retomar seus sonhos, consiga se relacionar de verdade com alguém e para que descubra quem é sem ele em sua vida. Escrevo essa resenha pensando em tantas outras Vanessas que viveram histórias parecidas, sentindo a dor delas e rezando para que elas fiquem bem.

Sobre os pais eu quero abrir um parêntese: eu entendo a forma como eles agiram (ou como não agiram), mas não concordo. Muita coisa poderia ter sido diferente na vida de Vanessa se assim que eles ficaram sabendo da aproximação da filha com o professor tivessem agido de forma mais firme. Quanto aos outros professores e a escola, eu não perdoo e não entendo. Existem justificativas que são plausíveis, mas eu escolho não aceitar.

Minha Sombria Vanessa me revirou do avesso e me tirou o fôlego. É um livro necessário, mas não é pra todo mundo. A história presente em suas páginas é uma história de abuso e sobrevivência, que tem muitos gatilhos, mas que pode ser muito esclarecedor para pessoas que viveram relações parecidas com a de Strane e Vanessa e que não enxergaram que foram abusadas. 

Terra Americana - Jeanine Cummins

Título Original: American Dirt
Autor (a): Jeanine Cummins
Data de Publicação: 2020
Número de Páginas: 416
Editora: Intrínseca
Classificação: 



Em uma agradável vizinhança de Acapulco, um massacre. Uma chacina vitima dezesseis membros de uma mesma família, durante uma festa de quinze anos. Os únicos sobreviventes são Lydia e seu filho Luca, de oito anos. O marido de Lydia, Sebastián, foi o jornalista responsável pelo perfil jornalístico do homem que controla o cartel de drogas mais poderoso da cidade. E agora, como a maioria dos seus parentes, ele também está morto.
Repleto de suspense e impactante, Terra americana tem personagens cativantes, cujas histórias fazem refletir sobre o heroísmo e a generosidade das pessoas que arriscam tudo para ter um lugar em que possam viver com dignidade. Escolhido para o clube do livro da Oprah, o romance já teve os direitos de adaptação cinematográfica adquiridos.

Quem me segue no Skoob acompanhou os meus surtos durante a leitura de Terra Americana. Enlouqueci com a história. Não conseguia parar de ler e tinha dificuldade em me concentrar nos estudos porque tudo que eu queria era pegar o meu Kobo e viajar junto com Lydia e Luca pelo México. Pelo menos até a metade do livro.

No início da leitura as minhas expectativas estavam bastante altas e a história que eu encontrei conseguiu manter a minha animação durante muito tempo. O primeiro capítulo do livro te pega jeito e a forma como a autora vai soltando as informações aos poucos te mantém presa. Normalmente isso me irrita, esse "conta-gota" de informações, mas ela soube como fazer de forma que eu não me importei em ter que esperar um pouco mais para saber os detalhes. A história vai fluindo e você não sente as páginas passarem. Cada peça do quebra-cabeça que era encaixada despertava emoções variadas em mim.

A fuga de Lydia e Luca depois de conseguirem se livrar de uma chacina ordenada por um cartel em Acapulco (eu só conseguia pensar no Chaves) é de tirar o fôlego. Em uma determinada cena a tensão que os dois vivenciaram foi tão intensa que eu fiquei com coração acelerado e precisei parar ao final do capítulo para conseguir recuperar o fôlego e retomar a leitura. Foi uma das emoções fisicamente mais intensas que eu já vivi durante uma leitura. Estou acostumada a cenas que me fazem sentir tristeza, chorar, mas sentir medo e aflição como se fosse comigo foi a primeira vez.

Tudo estava indo bem até que em um determinado momento senti como se um chave tivesse virado e a história perdesse um pouco o fôlego. Não me entendam mal, o livro não ficou ruim, mas estava faltando algo. Percorrer o México junto com Lydia e Luca e com as pessoas que eles acabaram conhecendo no caminho foi aflitivo porque você não sabia qual a próxima coisa horrível iria acontecer com eles. Foi uma leitura tensa porque você não sabia quem realmente era de confiança ou quem fingia ser para se aproximar deles e fazer algum mal. Entretanto acho que faltou explorar o conflito existente entre ela e Javier.

Javier era chefe do cartel responsável pela chacina e também amigo de Lydia. Quando a autora "soltou essa bomba" eu esperei que em algum momento eles tivessem um embate. A ameaça de que ele queria matar ela e seu filho foi o que a fez fugir de Acapulco e tentar atravessar a fronteira para o EUA. Javier era como uma sombra, mas mesmo sendo tão influente e tão poderoso eu não senti que ele fosse realmente pegá-la. A minha aflição era mais por causa da La Bestia e das pessoas que ela encontrava no caminho que também estavam indo em direção el norte. Acredito que foi essa expectativa não atendida que jogou um balde de água fria na minha leitura. SPOILER (para ver o trecho, selecione a frase a seguir) A autora criou um problema que prometia ser enorme, mas fora o que ele fez no início do livro (que foi extremamente chocante, doloroso e traumatizante) nada mais aconteceu. FIM DO SPOILER

As últimas páginas foram bem pesadas e tristes. Na verdade, elas não foram muito diferentes do que foi o livro inteiro. É claro que eu não esperava encontrar uma história bonitinha e leve, mas as cenas difíceis nesse livro são muitas e é impossível não se sentir destroçada ao lê-las.
Terra Americana foi muito mais do que eu esperava no começo, perdeu um pouco da minha atenção no meio e entregou um final ok. Foi decepcionante ver uma história que parecia tão incrível perder um pouco do seu brilho e não entregar todo o seu potencial.

P.S: Pesquisando sobre Terra Americana na internet descobri que na época do seu lançamento ele se envolveu em várias polêmicas sendo chamado de estereotipado e apropriador. Os leitores criticaram a autora por ser branca e escrever um livro sobre a história de uma mulher mexicana "roubando" seu lugar de fala.

Teto para Dois - Beth O'Leary

Título Original: The Flatshare
Autor (a): Beth O'Leary
Data de Publicação: 2019
Número de Páginas: 400
Editora: Intrínseca
Classificação: 











Teto para Dois é o tipo de livro que você vê a capa e se for uma grande fã de livros de romance vai pensar na mesma hora "eu preciso ler essa história". Ela traz as seguintes frases: 

Tiffy e Leon dividem a mesma cama.
Tiffy e Leon nunca se encontraram.

Tem como deixar passar algo tão curioso e improvável assim? Não. E foi com bastante expectativa que comecei a leitura desse livro. Admito que antes dei uma olhada no Skoob para ver o que as pessoas estavam falando sobre a história e encontrei diversos comentários positivos o que me deixou ainda mais empolgada e me afastou qualquer dúvida de que eu deveria começar a ler o quanto antes. Inclusive minha leitura do momento não estava rendendo, logo foi a desculpa perfeita para começar Teto para dois.

O início não rendeu muito. Não sei explicar exatamente o porquê, mas eu não consegui me prender a história. Inclusive passei um tempo com o livro meio esquecido no meu kobo e cogitei abandonar a leitura. Ainda bem que não fiz isso porque pesando os prós e os contras no fim das contas foi uma leitura muito agradável.

Os capítulos são narrados alternando entre Tiffy e Leon. A autora conseguiu ser muito habilidosa ao construir "a voz" dos dois personagens. Os capítulos dela são espirituosos e mostram seus post-its cheios de empolgação, frases longas e muitas descrições. Já os capítulos dele são mais sucintos, com frases mais curtas e seus post-its tem um tom mais prático.

Tiffy é o tipo de personagem que em um chick-lit como da Sophie kinsella, por exemplo, poderia me incomodar. Mas aqui autora conseguiu construí-la de uma forma que conquistou a minha simpatia. A personagem me lembra muito Lou Clark de "Como Eu Era Antes de Você". Talvez tenha sido pela forma excêntrica como as duas se vestem ou pela personalidade leve, romântica, positiva e divertida que elas têm. O fato é que depois da impressão inicial sobre como a Tiffy era fisicamente (tive uma certa dificuldade para construir sua imagem na minha cabeça) sempre que ela aparecia na história era Lou que surgia em minha mente. Só que ruiva 😄.

Quanto ao Leon (a outra parte dessa história tão fofinha) ele é o total oposto da Tiffy. Tímido, centrado, sério e bem básico, antes de conquistar o meu coração e me deixar suspirando pelo seu jeito carinhoso, Leon começou a história me decepcionando bastante. Acredito que esse tenha sido o único ponto realmente negativo da história para mim. Logo no início o Leon é apresentado junto com a sua namorada Kay. A autora a retrata como uma garota ciumenta, possessiva e um pouco grudenta. Mas na verdade, tudo que eu enxerguei foi alguém que queria atenção, cuidado e carinho mesmo que a autora tenha tentado nos levar a acreditar em outra coisa.

O ex-namorado da Tiffy, Jason, causa arrepios de repulsa. No início do livro ele quase não aparece. Na verdade, ele é apenas citado algumas vezes pela Tiffy e pelos amigos dela. Mais na frente começamos a ter contato direto com ele e conhecer melhor da sua personalidade sutilmente manipuladora e extremamente psicopata. Cada vez que ele aparecia eu tinha vontade entrar no livro e dar vários socos em sua carinha bonitinha e engomada.

Não posso deixar de citar Gerty, Rachel e Mo. Eles são apenas maravilhosos e têm uma participação muito grande no processo de recuperação de Tiffy.

Teto para Dois é uma história vibrante, com aquele humor britânico meio peculiar e personagens multidimensionais. Foi uma leitura rápida, leve e envolvente, com toques de romance e comédia, mas sem perder a profundidade emocional abordando alguns temas bastante complicados.


Depois de Você (Me Before You #2) - Jojo Moyes

Título Original: After You
Autor (a): Jojo Moyes
Data de Publicação: 2016
Número de Páginas:320
Série: Me Before You #2
Editora: Intrínseca
Classificação: 









Como Eu Era Antes de Você é um dos meus livros favoritos da vida. Não importa se o final me fez chorar e me deixou indignada, porque só podia ser daquele jeito e qualquer desfecho diferente tornaria a história incoerente. Então, com o coração arrasado terminei de ler a história de Lou e Will e segui em frente com a minha vida.

Entretanto, a Jojo Moyes decidiu que o livro precisava de uma continuação. Confesso ser muito, muito chata com essa ideia de fazer continuação de uma história que teve um ponto final e quando o livro é especial pra mim eu me mostro ainda mais chata e mais exigente. Então, Depois de Você foi lançado e lembro de ter falado no Twitter que iria lê-lo nem que fosse para poder falar mal dele com propriedade e aqui estou eu, infelizmente.

Em primeiro lugar se você não leu Como Eu Era Antes de Você pode ir parando por aqui porque os spoilers vão correr soltos.

Depois de Você não precisava ter acontecido. Essa frase é radical demais para você? Imagine para mim que amei com todas as minhas forças o seu antecessor. Mas não há como dizer de outra forma quando uma história é tão incrivelmente escrita e sua continuação é uma leitura arrastada e na qual você passa a maior parte do tempo tentando entender qual era o intuito da autora ao escrevê-la.

Não consegui reconhecer a Lou. É claro que todo o sofrimento pela perda de Will a transformou, mas não havia mais nada dela. Depois de Você poderia ser um outro livro porque a Lou não era mais ela, nadinha. Foi como se uma outra personagem tivesse sido construída e colocada na história. Tentei sem compreensiva e ver pelo lado do sofrimento e da dor, senti que ela provavelmente passaria por uma mudança, uma evolução e isso realmente aconteceu. Menos mal. Mas ainda assim uma vozinha dentro da minha cabeça ficava repetindo: "essa não é a Lou, era melhor ter deixado quieto mesmo".

Vários novos personagens foram introduzidos e também pude rever alguns do primeiro livro. Uma certa adolescente, que eu não posso explicar exatamente quem é, foi a pedra no meu sapato e um dos fortes motivos para minha leitura ter se arrastado tanto. Ela se apossou do apartamento de Lou, ia e vinha quando queria, não dava explicações sobre o que fazia, levava desconhecidos para o apartamento, mexia nas coisas de Lou e ficava chateada se ela reclamasse. Lou achava que tinha obrigações com a garota e parou toda a sua vida por isso, abriu mão de um futuro promissor e de um recomeço que lhe faria bem. 

Quase no final entendemos um pouco das ações da adolescente e de seu jeito rebelde de ser, mas também temos a certeza de que boa parte de suas atitudes foram fruto de sua personalidade insuportável mesmo. O ponto positivo do aparecimento dessa personagem é que ela conseguiu tirar Lou da inércia em que ela se encontrava.

A narrativa e o enredo foram os outros pontos negativos. Como falei logo no início, a história tinha um ritmo muito lento e durante boa parte da leitura fiquei tentando entender qual era a intenção da autora e para onde ela estava querendo ir e levar Lou. As páginas iam passando e nada acontecia, era só aquele marasmo do dia a dia mesmo. As coisas só começaram a ficar um pouquinho interessantes quase no final e aí o livro terminou.

Apesar de todas essas críticas a história não teve apenas pontos negativos. Foi muito interessante ver a recuperação gradual de Lou depois da morte de Will. Seria artificial demais se ela ficasse bem logo nas primeiras páginas, não seria nada condizente com a relação que eles tiveram. Aos poucos e com a ajuda de algumas pessoas e um grupo de apoio muito especial ela foi deixando a culpa de lado e recuperando a vontade de viver.

E como não podia faltar o amor surgiu na vida dela novamente. Foi algo doce, romântico, intenso e verdadeiro. Na minha opinião foi sem sombra de dúvida a melhor parte do livro, apesar de ter tido pouco espaço na história.

Depois de Você foi minha primeira decepção de 2016 e apesar de decidir dar três estrelinhas para o livro (mais por uma questão emocional do que por ele realmente merecer) continuo achando a sua existência desnecessária. Entretanto existem inúmeras resenhas por aí elogiando-o. Meu conselho é: vá sem nenhuma expectativa, esqueça boa parte dos sentimentos que Como Eu Era Antes de Você trouxe em suas páginas e tente aproveitar a nova vida de Lou.

Para Todos os Garotos que Amei - Jenny Han (To All the Boys I've Loved Before #1)

Título Original: To All the Boys I've Loved Before
Autor (a): Jenny Han
Data de Publicação: 2015
Número de Páginas:
320
Editora: Intríseca
Série: To All the Boys I've Loved Before #1
Classificação: 

Lara Jean guarda suas cartas de amor em uma caixa azul-petróleo que ganhou da mãe. Não são cartas que ela recebeu de alguém, mas que ela mesma escreveu. Uma para cada garoto que amou — cinco ao todo. São cartas sinceras, sem joguinhos nem fingimentos, repletas de coisas que Lara Jean não diria a ninguém, confissões de seus sentimentos mais profundos.
Até que um dia essas cartas secretas são misteriosamente enviadas aos destinatários, e de uma hora para outra a vida amorosa de Lara Jean sai do papel e se transforma em algo que ela não pode mais controlar.

Preciso começar essa resenha com um pedido a Intríseca: Por favor, publiquem logo P.S. I Still Love You, porque a Jenny Han foi uma garota muito, muito má com os leitores de Para Todos os Garotos que Amei e terminou o livro num momento crucial. Tendo dito isso vamos ao que interessa de verdade, o que achei desse livro que tantas pessoas haviam classificado como fofo e que tem notas ótimas tanto no Skoob quanto no Goodreads.

Conheço o trabalho da Jenny Han por causa da série Burn for Burn onde ela divide a escrita dos livros com a Siobhan Vivian. Antes de ler essa série já havia lido livros solos da Siobhan e não gostado de nenhum, então quando Olho por Olho e Dente por Dente caíram nas minhas graças soube de cara que a responsável por isso era a Jenny. Quando algumas pessoas que conheço e em cuja opinião confio começaram a elogiar a história não tive mais dúvidas que precisava lê-la.

Para Todos os Garotos que Amei é um YA com um pouquinho de drama e um romance muito fofo, super delicinha de ler. Ultimamente minhas leituras quase não tem rendido e eu consegui terminá-lo em poucos dias tamanha era minha empolgação e curiosidade para saber o rumo que a vida de Lara Jean iria tomar.

Confesso que no início não simpatizei muito com a protagonista. Ela tinha uma queda pelo ex-namorado da irmã mais velha, Margot, e isso não é algo que eu ache a coisa mais certa do mundo. Nada de julgamentos, mas o ex da irmã? Isso é território proibido, gente! Mas, enfim, tirando esse fator Lara Jean foi aos poucos conquistando a minha simpatia e eu realmente torci para que que ela conseguisse encontrar alguém para amar e que a amasse também. Além disso, gostei de vê-la amadurecendo, mesmo que tenha sido muito pouco, saindo da barra da saia de Margot e fazendo o que ela queria e não o que a irmã achava que elea deveria fazer.

Por falar em Margot antipatizei demais com essa garota. Eu até entendo que a forma como ela agia em alguns momentos era reflexo da responsabilidade de ter que assumir a criação das irmãs e a organização da casa depois da morte da mãe, mas ela era metida a certinha e perfeitinha, além de ser absurdamente controladora. mesmo depois de ter saído de casa para fazer faculdade em outro país ela queria que as coisas continuassem exatamente como ela havia deixado, todo mundo seguindo as regras que ela estabeleceu e no ritmo dela. Então, apesar de ter discordado absurdamente da paixão de Lara Jean pelo ex de Margot, senti uma pontinha de felicidade quando a história veio à tona. Foi uma sacudida para que ela percebesse que não tinha o controle sobre todas as coisas.

Kitty, a irmã mais nova de Lara Jean, também me tirou do sério. Garotinha difícil, birrenta e cheia de vontades.

Josh, o ex de Margot, era fofinho e tal, mas foi quando Peter Kavinsky apareceu que eu realmente me empolguei com a história e comecei a torcer para que um romance acontecesse. Eles se envolveram com o intuito de forjar um namoro falso, mas a cada dia foram ficando mais próximos, e mais próximos, e... Eles discutiam, se desentendiam, mas quando estavam juntos numa boa eram fofos demais, de fazer o leitor suspirar.

O final, como falei acima, foi abrupto e me deixou desesperada pela continuação, principalmente porque a Lara Jean agiu feito uma criança imatura e fez alguns estragos, espero que não sejam irreversíveis. Preciso desesperadamente saber o que acontece, com quem a Lara Jean vai ficar e como as coisas vão se desenrolar.

Para Todos os Garotos que Amei é uma história de amor, mas é também uma história sobre família, seus dramas, desentendimentos e reconciliações. Cada personagem tinha uma personalidade única, que trouxe vida para as páginas, também a escrita era simples, mas cativante. Se você estiver procurando uma leitura leve, romântica, sem grandes surpresas e que te deixe com um sorriso no rosto, leiam esse livros sem medo.

Caixa de Pássaros - Josh Malerman

Título Original: Bird Box
Autor (a): Josh Malerman
Data de Publicação: 2015
Número de Páginas:272
Editora: Intrínseca
Classificação:  


Caixa de Pássaros - Romance de estreia de Josh Malerman, Caixa de pássaros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler.
Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.

Nem só de romance vive essa leitora que vos escreve, um bom thriller de suspense sempre tem espaço na minha lista de leituras. Por isso, quando vi Caixa de Pássaros entre os lançamentos da Intrínseca de Fevereiro logo me interessei. A afirmação na capa dizendo que "ninguém havia escrito uma história de terror como essa antes" me fez passar o livro na frente de todas as outras leituras que já estavam programadas.

Caixa de Pássaros é um livro de terror fora dos padrões comuns. Nele não há fantasmas, seres demoníacos, vampiros, lobisomens, extraterrestres ou qualquer outra criatura que possamos facilmente identificar. Ou há? É impossível dizer, porque não podemos enxergar. Nossos olhos ficam vendados a maior parte do tempo assim como os de Malorie, a personagem principal, e também como os olhos de quem quer se manter vivo, quem é cuidadoso o suficiente para controlar a curiosidade e não se arriscar a tentar ver quem ou o que são essas criaturas que fazem as pessoas e os animais enlouquecerem, se mutilarem, matarem outras pessoas e cometerem suicídio.

O livro é narrado em terceira pessoa pelo ponto de vista de Malorie e os capítulos se alternam entre o presente, quando ela está tentando fugir da casa onde viveu durante quatro anos com os dois filhos, e o passado quando ficamos sabendo como tudo começou e como ela conseguiu sobreviver até o momento do parto. Ler uma história narrada na terceira pessoa do presente do indicativo me causou certa estranheza no início, estou acostumada com histórias que mesmo quando narradas em primeira pessoa estão no pretérito perfeito. O uso desse estilo de narrativa pelo autor deu uma sensação de imediatismo como se tudo estivesse acontecendo na nossa frente, naquele momento, o que tornou a experiência da leitura ainda mais sufocante e desesperadora.

Não nos é permitido saber quase nada sobre o que causa essa reação tão enlouquecedora nas pessoas. Existem criaturas que sem dúvida nenhuma são extremamente assustadoras, mas jamais podemos vê-las. Temos algumas informações sobre elas, mas a maior parte da caracterização fica por conta da reação dos personagens ao que veem e a nossa imaginação.

Essa leitura foi sem dúvida uma experiência incrível e até a penúltima página eu tinha certeza que ele entraria na minha lista de favoritos. Desde o início eu só conseguia pensar no final, um livro tão envolvente e diferente precisava ter um desfecho a altura. Infelizmente não foi isso que aconteceu. Alguns leitores acham fantástico quando o autor deixa o final em aberto, dependendo do caso eu não implico e até acho legal imaginar e criar algumas teorias. Entretanto, nesse livro, muitas perguntas ficaram sem resposta. O autor deixou a imaginação fluir, nos deu um desenvolvimento incrível, mas não conseguiu amarrar tudo no final, pelo menos foi essa a sensação que eu tive.

Caixa de Pássaros é um livro que prende o leitor e consegue envolvê-lo completamente. Sentimos o medo e o pânico de cada personagem e cada barulho por mais inocente que pareça ser nos assusta, é algo aterrorizante. Sem dúvida foi uma grande leitura, exceto pelo final. É uma excelente escolha para quem gosta de livros de suspense que mexem com a imaginação, mas comecem a leitura preparados para um desfecho que pode não agradar tanto assim.

Como Eu Era Antes de Você - Jojo Moyes

Título Original: Me Before You
Data de Publicação: 2013
Número de Páginas: 320
Editora: Intrínseca 
Classificação: 


Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Além disso, trabalha como garçonete num café, um emprego que ela adora e que, apesar de não pagar muito, ajuda nas despesas. E namora Patrick, um triatleta que não parece interessado nela. Não que ela se importe.
Quando o café fecha as portas, Lou se vê obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, a ex-garçonete consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor, de 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de moto, o antes ativo e esportivo Will desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto e planeja dar um fim ao seu sofrimento. O que Will não sabe é que Lou está prestes a trazer cor a sua vida. E nenhum dos dois desconfia de que irá mudar para sempre a história um do outro.

Perdi a conta de quantas vezes comecei a escrever essa resenha, quantas vezes me peguei pensando quais palavras usar. Queria escrever algo que fosse perfeito, queria convencer vocês desde a primeira frase a ler esse livro. Foram muitas tentativas, mas não obtive sucesso. Nada parecia bom o suficiente, nada estava a altura da história que encontrei, as palavras pareciam fugir de mim porque as emoções falavam mais alto. Então, decidi que escreveria e deixaria o meu coração falar. Colocar as minhas emoções aqui é a melhor forma de mostrar a vocês o quanto esse livro é incrível.

Quando comecei a ler Como Eu Era Antes de Você tinha uma vaga ideia da história que encontraria. Já havia lido algumas resenhas e até mesmo comparações com um determinado filme, mas o fato é que todas as opiniões que li não me prepararam para a história magnífica que eu iria encontrar. Essa é uma história sobre a vida. É real e corajosa. Há risos e tristeza e quando você terminá-la ela continuará com você por muito tempo.

Já conhecia e admirava o trabalho da Jojo Moyes desde A Última Carta de Amor, mas ela conseguiu me surpreender ao criar uma história com personagens humanos, vivendo dramas reais que me fizeram refletir e repensar sobre vários aspectos da minha vida. Sua escrita é inteligente e alegre, detalhista e delicada, doce e forte. Seus personagens são todos ricamente desenvolvidos e os diálogos  entre eles são inteligentes e intensos.

Lou e Will tinham defeitos e qualidades, tinham problemas e tentavam cada um a sua maneira, viver com eles e superá-los. O relacionamento entre os dois não foi fácil, pelo menos no início. Lou era inexperiente e Will dificultou bastante as coisas com seu temperamento forte, suas frases irônicas e debochadas e sua sinceridade um pouco chocante em alguns momentos.

Não consegui condenar Will por quem ele era quando conheceu Lou ou pela forma como ele a tratava e as outras pessoas que tentavam se aproximar. Ele era um espírito livre, vivia a vida intensamente e aproveitava todas as oportunidades que surgiam. Era rico, inteligente, bonito e bem-sucedido. Não dava para julgar e condenar as ações de uma pessoa que tinha uma vida como essa e de repente, tornou-se dependente de outras pessoas para tudo, até as pequenas coisas. Além disso,  não deve ser nada fácil suportar o olhar de pena e a reação desconfortável de algumas pessoas diante de sua situação.

Lou era uma garota incrível. Foi impossível não admirar sua determinação, seu desejo de fazer com que Will mudasse de ideia e voltasse a ter vontade de viver. Ela insistiu, persistiu, lutou bastante e conquistou algumas batalhas. A garota simples, de sonhos pequenos e uma rotina comum, amadureceu e com a ajuda às vezes maldosa e provocativa de Will, começou a sonhar novos sonhos, percebeu o quanto era inteligente e capaz e se tornou uma mulher determinada e mais forte.

O envolvimento entre Lou e Will aconteceu aos poucos. Entre diálogos afiados e cheios de ironia, gritos, lágrimas, sorrisos, momentos de superação e conquistas, Lou e Will se aproximaram, passaram a admirar um ao outro e se respeitar. O amor que nasceu entre eles foi sutil, doce e amargo, mas acima de tudo verdadeiro.

O livro é narrado na maior parte do tempo por Lou, mas há alguns capítulos intercalados ao longo da história a partir da visão dos pais dela, de Nathan (o enfermeiro de Will) e da irmã de Lou. Essa alternação entre narradores nos permite ver e sentir que esse tipo de situação afeta todas as pessoas envolvidas, direta ou indiretamente.

Uma das coisas que mais me marcou durante a leitura foram os temas polêmicos que o livro abordou e debateu. Tenho opiniões fortes sobre eles, mas a autora me fez questionar algumas dessas opiniões. A vida não é preto no branco e não há resposta certa ou errada para determinadas questões. Gostaria de deixar claro que minhas opiniões não mudaram, mas percebi que é errado julgar a decisão de alguém quando não é você que está sentindo na pele as dificuldades.

Como Eu Era Antes de Você é um livro maravilhoso, que me fez enxergar o quanto somos ingratos por não agradecer todos os dias pela vida que temos e por não sabermos apreciar as pequenas coisas. Ele mexeu comigo como poucos, marcou meu coração e permaneceu comigo por muito tempo depois que eu havia terminado. Não é uma leitura fácil por causa da magnitude de sua profundidade, mas no final, mesmo chorando e me sentindo devastada, fiquei agradecida por ter tido a chance de conhecer essa história que se tornou uma das minhas favoritas de todos os tempos.

P.S.: Esse livro me lembrou muito o filme Intocáveis que eu já resenhei aqui. Vale muito a pena conferir a história, principalmente por ter sido baseada em fatos reais. E por falar em filme haverá uma adaptação para o cinema desse livro. Confesso que não estou nada feliz com a ideia, mas não vou conseguir não assistir quando ele for lançado.

Update 08/09 ás 11:38: a autora Jojo Moyes publicou no seu Twitter o nome dos atores que interpretarão Will e Lou, são os já conhecidos Sam Claflin e Emilia Clarke.

Na Ilha - Tracey Garvis Graves

Título Original: On The Island
Data de Publicação: 2013
Número de Páginas: 288
Editora: Intrínseca 
Classificação: 

Anna Emerson é uma professora de inglês de 30 anos desesperada por aventura. Cansada do inverno rigoroso de Chicago e de seu relacionamento que não evolui, ela agarra a oportunidade de passar o verão em uma ilha tropical dando aulas particulares para um adolescente. T.J. Callahan não quer ir a lugar algum. Aos 16 anos e com um câncer em remissão, tudo o que ele quer é uma vida normal de novo. Mas seus pais insistem em que ele passe o verão nas Maldivas colocando em dia as aulas que perdeu na escola. Anna e T.J. embarcam rumo à casa de veraneio dos Callahan e, enquanto sobrevoam as 1.200 ilhas das Maldivas, o impensável acontece. O avião cai nas águas infestadas de tubarão do arquipélago. Eles conseguem chegar a uma praia, mas logo descobrem que estão presos em uma ilha desabitada. De início, tudo o que importa é sobreviver. Mas, à medida que os dias se tornam semanas, e então meses, Anna começa a se perguntar se seu maior desafio não será ter de conviver com um garoto que aos poucos torna-se homem.

Imaginem a seguinte situação:

Um acidente de avião.
Dois sobreviventes, um homem e uma mulher.
Caso eles fiquem presos em uma ilha deserta por alguns anos, qual a probabilidade deles se envolverem física e emocionalmente?

Agora, vamos mudar alguns dados e acrescentar outros.

Um acidente de avião.
Dois sobreviventes, uma mulher e um garoto. Ela com 30 anos, ele com quase 17.
Qual a chance de você olhar torto para a história e pensar que um relacionamento entre duas pessoas de idades tão diferentes é algo absurdo?

Quando li a sinopse de Na Ilha pela primeira vez, admito que olhei torto para a história. Não acho legal um relacionamento onde existe uma diferença tão grande de idade. As duas pessoas estão em momentos totalmente diferentes da vida e um dos dois terá que abrir mão de viver muitas coisas para que o relacionamento dê certo. Outro ponto contra é que os exemplos que eu vejo por ai não são nada positivos. O envolvimento de garotas jovens com homens bem mais velhos, geralmente é por interesse, o inverso funciona da mesma forma.

Dá para perceber que eu estava preparada para não gostar do livro. Entretanto, fui pega de surpresa por uma história maravilhosa, que aborda de forma bela, sensível e delicada o relacionamento entre um jovem e uma mulher. É importante deixar claro que a autora teve bastante cuidado com o fator idade. Nada aconteceu entre Anna e T.J. até que ele tivesse quase 19 anos.

O que me desarmou e me fez torcer para que os dois ficassem juntos foi a evolução do envolvimento deles. Eles precisavam um do outro, dependiam um do outro para sobreviver. Vamos dizer que inicialmente era mais uma questão de necessidade, quase um instinto de sobrevivência. Mas, a cada dia que passava, ficava mais forte a certeza de que eles jamais sairiam da ilha e que não voltariam a ver aqueles a quem amavam. A saudade de casa e a tristeza, aproximou os dois. Um abraço, um cuidado, a carência de afeto era muito grande e se existia alguém perto que poderia suprir essa falta e tornar os dias mais suportáveis, era impossível que não houvesse um envolvimento emocional e posteriormente, físico.

A autora foi paciente e cuidadosa ao construir primeiramente uma relação de confiança e amizade, que evoluiu para um romance. Através da narrativa em capítulos que se alternavam entre Anna e T.J., acompanhamos de perto a mudança nos sentimentos, as dúvidas e o nascimento de um amor puro e verdadeiro, forte o suficiente para suportar todas as dificuldades e os preconceitos que um possível retorno para casa os obrigaria a enfrentar.

O relacionamento entre T.J. e Anna evoluiu aos poucos e enquanto isso acontecia, vimos um garoto se tornar homem, amadurecer e vivenciar coisas que muitos adultos nunca vivenciarão. Seu amadurecimento começou muito antes do acidente. Quando o avião caiu na ilha ele estava se recuperando de um câncer tipo Linfoma de Hodgkin. Enquanto seus amigos terminavam a escola e escolhiam a universidade onde iriam estudar, ele lutava para ficar vivo. Ou seja, ele era um garoto apenas na idade. Prova disso é que na ilha desde o momento da queda do avião, suas atitudes e seus pensamentos, já mostravam uma maturidade incomum para um garoto. Tracey Garvis conseguiu capturar bem a voz de T.J., o que não é uma tarefa fácil por se tratar de uma autora. Ela conseguiu mostrar o crescimento emocional e o despertar sexual de T.J. de uma forma emocionante e comovente.

Apesar de T.J.ser meu personagem favorito, não posso deixar de enxergar todas as qualidades que Anna carregava consigo. Ela estava passando por uma grande turbulência emocional e precisava tomar várias decisões importantes, ainda assim conseguiu ser forte, mesmo que tenha derramado algumas lágrimas em situações mais tensas. Admirei seu senso ético ao pensar bastante antes de se envolver com T.J. e sua coragem e força, quando ela foi a voz da razão, deixando os sentimentos de lado, ao enxergar a pressão e o preconceito que eles teriam que enfrentar para ficarem juntos.

O final foi lindo e fez uma bagunça nas minhas emoções. Chorei, sorri, suspirei e virei a última página com a sensação de que Na Ilha é sem dúvida um dos melhores livros que já li na vida.

Minha opinião sobre relacionamentos onde existe uma grande diferença de idade, não mudou, ainda acho errado e desconfortável, mas é claro que existem casos e casos. Entretanto, Tracey Garvis Graves fez com que o envolvimento entre T.J. e Anna evoluísse de forma natural e foi tão bem desenvolvido, tão crível, que foi impossível não se apaixonar e torcer muito para que eles ficassem juntos.

Na Ilha é um romance doce e comovente, uma história de amor que superou todos os preconceitos e dificuldades, que irá encantar os leitores e renovar sua fé na indestrutibilidade do amor verdadeiro.

Garota Exemplar - Gillian Flynn

Título Original: Gone Girl
Data de Publicação: 2013
Número de Páginas: 448
Editora: Intrínseca
Classificação:

Uma das mais aclamadas escritoras de suspense da atualidade, Gillian Flynn apresenta um relato perturbador sobre um casamento em crise. Com 4 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo – o maior sucesso editorial do ano, atrás apenas da Trilogia Cinquenta tons de cinza –, "Garota Exemplar" alia humor perspicaz a uma narrativa eletrizante. O resultado é uma atmosfera de dúvidas que faz o leitor mudar de opinião a cada capítulo. Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?


Há mais de dois meses venho tentando terminar de ler Garota Exemplar. Perdi a conta de quantas vezes abandonei e retomei a leitura. Sabe aquela sensação de ler, ler e nunca sair do lugar? Parece que a história está dando voltas e as páginas não passam? Foi exatamente assim que eu me senti até quase metade do livro. A história não estava rendendo, a narrativa era lenta e focava bastante nos detalhes da vida de Amy e Nick, nas minúcias do dia-a-dia.

O livro é dividido em três partes e os capítulos se alternam entre Nick e Amy como narradores. Na primeira parte os capítulos de Amy são narrados através de seu diário, enquanto que nos capítulos de Nick, o vemos agir de forma bastante estranha depois do desaparecimento de sua esposa. Foi exatamente nessa primeira parte que a leitura empacou. Insisti, persisti e não entendia porque tantos elogios ao livro e porque tanta gente gostou. Dentro de mim uma certeza já tomava forma, esse seria mais um livro que todo mundo gostou menos eu.

Entretanto, entre muitas idas e vindas consegui chegar à segunda parte e foi ai que a história começou a ficar realmente interessante. A trama dá uma giro de 360° e tudo que tínhamos certeza que sabíamos desmorona diante de nossos olhos. Só então consegui entender porque a primeira parte foi tão lenta e detalhada. A autora estava preparando o terreno para as grandes surpresas que vinham a seguir. Ela nos dá uma rasteira e nos deixa chocados. Gillin Flyn sabe como nos enganar, nos manipular, assim como seus personagens.

É difícil escrever essa resenha e conter as palavras para não soltar nenhum detalhe importante. A partir da segunda parte acompanhamos uma história bizarra, psicótica e delirante. Vemos a construção de uma teia de fatos e acontecimentos assustadores, frios, bem calculados e quase inacreditáveis pela forma como se desenrolam.

Esse foi um livro que me incomodou, mexeu com meu psicológico e me tirou dos eixos. Até agora me pergunto se alguém é realmente capaz de fazer algo tão bizarro, inteligente e frio. Criei várias hipóteses, imaginei inúmeros desfechos para o desaparecimento de Amy e para o final do livro, mas Gillian me fez de boba, fez o que quis com sua história e transformou o livro em algo genial. Esteja preparado(a) para admirar a loucura e o brilhantismo de uma mente doentia e manipuladora de um dos personagens mais complexos e bizarros que eu já encontrei até hoje.

Garota Exemplar é um thriller inteligente, surpreendente e devastador. Apesar de não ter entrado para minha lista de  favoritos, uma coisa é certa, há muito tempo não lia uma história tão original quanto essa. Sim, de todos os livros que li até hoje nunca encontrei uma história como essa, jamais. 

Extraordinário - R. J. Palacio

Título Original: Wonder
Data de Publicação: 2013
Número de Páginas: 320
Editora: Intrínseca
Classificação:



August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade... até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.
Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade - um impacto forte, comovente e, sem dúvida nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar todo tipo de leitor.

Quando comecei a ler Extraordinário estava preparada para encontrar uma história que destroçaria o meu coração. Li várias resenhas positivas sobre o livro e algumas delas chegaram até mesmo a dizer que ele era bem melhor que ACEDE, inclusive no quesito drama e lágrimas. Entretanto, apesar de abordar um assunto delicado e difícil, Extraordinário não é um livro triste, muito pelo contrário. É certo que em muito momentos me senti mal com as coisas que aconteciam, mas Auggie é o garotinho mais especial do mundo, sempre muito simpático e divertido, lutando para ser aceito e superando preconceitos e dificuldades.

O livro é narrado em primeira pessoa, mas com pontos de vista de diversos personagens, permitindo ao leitor sentir não apenas os desafios vividos por Auggie, mas também saber como se sentiam as pessoas que conviviam com ele. Olivia ou Via, a irmã de Auggie conquistou a minha simpatia e me comoveu muito. Ela sempre foi uma irmã superprotetora e amorosa, mas depois de tanto tempo sendo deixada um pouco de lado pelos pais, ela começa a se sentir diferente e agir diferente também. Seus sentimentos são totalmente compreensíveis, seria uma injustiça julgá-la por querer um pouco de carinho e atenção.

A história é escrita de forma simples e com capítulos bem curtos, mas cada página é cheia de sentimentos e lições sobre a importância de saber lidar com as diferenças, não julgar as pessoas por sua aparência mas tentar conhecê-la verdadeiramente e nunca desistir mesmo quando diante das dificuldades.

Auggie e seus amigos eram tão "maduros" que a maior parte do tempo eu tive a sensação que ele era um adolescente. Foi essa maturidade fora do comum o único ponto negativo que encontrei no livro. Sei que ele já havia vivido muitas situações difíceis que o obrigaram a crescer antes da hora, mas todos os amigos dele agiam assim também e eles ainda tinham 10 anos. Acho que ficou um pouco forçado.

Extraordinário é um livro bonito, cheio de momentos ternos e cômicos, que irão conquistar e comover o leitor.

Toda pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez na vida, por que todos nós vencemos o mundo - Auggie.

A Última Carta de Amor - Jojo Moyes

Título Original: The Last Letter From Your Lover
Data de Publicação: 2012
Número de Páginas: 384
Editora: Intrínseca
Classificação:


Londres, 1960. Ao acordar em um hospital após um acidente de carro, Jennifer Stirling não consegue se lembrar de nada. Novamente em casa, com o marido, ela tenta sem sucesso recuperar a memória de sua antiga vida. Por mais que todos à sua volta pareçam atenciosos e amáveis, Jennifer sente que alguma coisa está faltando. É então que ela descobre uma série de cartas de amor escondidas, endereçadas a ela e assinadas apenas por “B”, e percebe que não só estava vivendo um romance fora do casamento como também parecia disposta a arriscar tudo para ficar com seu amante. Quatro décadas depois, a jornalista Ellie Haworth encontra uma dessas cartas endereçadas a Jennifer durante uma pesquisa nos arquivos do jornal em que trabalha. Obcecada pela ideia de reunir os protagonistas desse amor proibido — em parte por estar ela mesma envolvida com um homem casado —, Ellie começa a procurar por “B”, e nem desconfia que, ao fazer isso, talvez encontre uma solução para os problemas de seu próprio relacionamento. Com personagens realísticos complexos e uma trama bem-elaborada, A última carta de amor entrelaça as histórias de paixão, adultério e perda de Ellie e Jennifer. Um livro comovente e irremediavelmente romântico.

Quando ouvimos falar de amores que duram para sempre, que superam a distância e o tempo, que sobrevivem as dificuldades e até mesmo a morte, pensamos em algo precioso, difícil e raro de ser encontrado. Poucas pessoas tem a chance de viver uma verdadeira história de amor; a chance de encontrar aquela pessoa que sabe o que se passa na cabeça e no coração da outra apenas com um olhar, uma conexão emocional forte e única. Em A Última Carta de Amor, a escritora Jojo Moyes nos dá a chance de acompanhar o nascimento de um amor assim, verdadeiro, profundo e emocionalmente avassalador.

Presente e passado. Ellie e Jennifer, duas mulheres de séculos diferentes que tiveram suas vidas ligadas pela força de um amor proibido e pelas provas desse amor que resistiram ao tempo, cartas cheias de sentimentos que contavam a história de dois amantes desafortunados.

Os primeiros capítulos se passam nos dias atuais, nos apresentando Ellie, uma jornalista, e seu romance proibido com um escritor casado. Foi esse o ponto da história que mais me incomodou. Ellie é uma mulher independente e bem-sucedida, mas aceita estar presa a um relacionamento que visivelmente não terá futuro algum. É claro que não é possível escolher de quem gostamos, mas é possível dizer não se essa escolha pode nos ferir e nos fazer mal. Amar alguém e se contentar apenas com migalhas em troca não é algo saudável.

A história de Jennifer é ambientada na década de 60 e dividida entre presente e passado ou melhor dizendo, entre o antes e o depois do seu acidente. Os capítulos sobre a história de Jennifer tem uma narrativa não linear. Em um momento estamos acompanhando a sua recuperação e sua tentativa de relembrar coisas do passado, no seguinte os fatos que estão sendo narrados são os que aconteceram antes do acidente. Não há nada que sinalize essa mudança no tempo, temos que perceber através do que está sendo contado em que momento da vida dela estamos. Senti uma certa dificuldade até conseguir me acostumar, mas depois de algumas páginas eu já conseguia perceber nas primeiras frases em que momento da narração a história estava.

Não consegui antipatizar com Larry ou achá-lo um marido ruim para Jennifer. Na verdade suas atitudes eram o reflexo de sua criação e também das ações de sua esposa. Ele era apaixonado por ela, mas não conseguia demonstrar isso da forma correta, não era comum naquela época os homens demonstrarem  seus sentimentos, seria considerada uma fraqueza.

É interessante como a autora abordou as diferentes linguagens do amor através do tempos. Enquanto Jennifer e Boot se comunicavam através de longas cartas, cheias de sentimentos, saudades e amor; Ellie recebia torpedos curtos e diretos de seu "caso", marcando encontros rápidos ou apenas dando um "oi".

O final é surpreendente, totalmente imprevisível. Quando achamos que tudo está resolvido, a autora revela algo inimaginável e alegra o nosso coração. Foi emocionante e lindo, só não conseguiu ser perfeito por que  senti que não houve um fechamento das cenas. Tanto a história de Jennifer quanto a de Ellie tiveram um final maravilhoso, mas faltou aquele "The End". A autora deixou que a nossa imaginação fizesse o resto do trabalho, mas eu queria ver concretamente como tudo ficou.

A Última Carta de Amor é um livro memorável, a linda história de um amor único e verdadeiro, que ultrapassou todas as barreiras e sobreviveu a todas as provações. Uma trama completa, bem amarrada, onde cada peça se encaixa perfeitamente fazendo nosso coração bater acelerado.

 
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