O Som do Nosso Coração - Emma Cooper

Título Original: The Song of Us
Autor (a): Taylor Emma Cooper
Data de Publicação: 2020
Número de Páginas: 467
Editora: Record
Classificação: 


A vida da heroína de O som do nosso coração, Melody King, não é nada fácil. Afinal, desde que sofreu um acidente e bateu a cabeça, ela adquiriu um estranho distúrbio: ela canta quando está ansiosa. E não só canta — alto, bem alto e às vezes errado —, como dança, faz performances e emenda uma música na outra, com letras sempre relacionadas à situação em questão.

Como se isso já não fosse ruim o bastante, Melody está constantemente ansiosa. Seu marido, Dev, desapareceu há onze anos sem deixar rastros, e ela tem dois filhos adolescentes problemáticos: Flynn — que vive se envolvendo em brigas na escola por causa do bullying que sofre — e a caçula Rose — a supergênia e aluna exemplar que não consegue superar o desaparecimento do pai.


Será que eu não tenho coração? Ou será que a autora pesou a mão no drama e o tiro saiu pela culatra? Questionei-me bastante sobre isso durante a leitura de O som do nosso coração. 

A história de Melody é cheia de tragédias, cheia mesmo, transborda problemas, dores, traumas e sofrimentos e a cada página que eu lia, a cada novo drama desdobrado eu só pensava: "Jesus, a frase desgraça pouca é bobagem nunca fez tanto sentido quanto nesse livro". É acidente, desaparecimento, problemas psicológicos, falta de dinheiro e a lista só vai aumentando. Eu ficava pensando que deveria estar sentindo algo, não tinha como passar ilesa por uma história tão carregada de drama e dor, mas a verdade é  que tudo que é demais passa do ponto e perde a emoção. 

A autora pesou a mão, ela apelou demais. Não sei se essa foi uma decisão consciente, mas a impressão que deu é que ela queria de toda forma nos arrancar lágrimas, nos deixar tristes e achou que conseguiria isso colocando desgraça após desgraça, página após página. Para mim não funcionou. Eu me senti soterrada por tanta tristeza, ao mesmo tempo que eu não senti profundidade na narrativa. Ela pulava de um drama para outro e nem deixava a gente respirar direito, sentir o que aquelas pessoas estavam vivendo.

Já deu para perceber que o plot da história não funcionou pra mim, mas o problema não foi só esse. A narrativa em si não me prendeu. Pulei várias páginas, a maioria delas nos capítulos de Melody. Ela era a protagonista e seus capítulos eram os mais chatos. Gosto muito de diálogos, na minha concepção eles mostram muito dos personagens. Entretanto, os capítulos de Melody tinham páginas e páginas sem um diálogo, apenas descrição de pensamentos seus, lembranças e tudo isso permeado por muita metáfora. Se essa foi a forma da autora dar profundidade a personagem, não funcionou, pelo menos para mim.

Tom foi o único personagem que conseguiu me cativar um pouquinho. Alguns dos capítulos dele, especificamente os primeiros depois que Melody foi embora, tinham muito sentimento. Lendo aquelas palavras tão cheias de amor e tristeza comecei a sentir um quentinho no coração, mas não durou muito tempo. Os capítulos seguintes se tornaram comuns assim como todos os outros do livro.

Pensei em dizer que Rose e Flynn (os filhos de Melody) eram apenas adolescentes normais com todos os dramas que essa fase da vida carrega, mas eu estaria sendo injusta. Os dois passaram maus bocados na vida e traziam no corpo e na alma marcas profundas de tudo isso. Melody tinha uns posicionamentos estranhos como mãe, mas ela criou filhos unidos, que se amavam e que foram sua força quando ela precisou. Então eu gostei deles, com ressalvas, mas gostei.

Esperei por um grande plot twist que não veio. Se você tem experiência em livros de drama o que acontece no final de O som do nosso coração não é nenhuma surpresa. Não tinha como ser diferente, a história foi construída para nos levar até aquele encerramento. E aqui temos um ponto positivo (em meio a tantos negativos). Achei o final muito bonito, um pouco corrido, mas delicado, tocante e agridoce.

Em resumo, O som do nosso coração foi extremamente decepcionante. Meu problema foi realmente o exagero. Sobrou drama e faltou profundidade. Não consegui me conectar com os personagens e suas dores. Faltou aquele algo que nos arrebata e nos deixa pensando na história muito depois de termos virado a última página.


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