A Mulher do Viajante no Tempo - Audrey Niffenegger

Título Original: The Time Traveler's Wife
Data de Publicação: 2009
Número de Páginas: 450
Editora: Suma das Letras

Henry sofre de um distúrbio genético raro. De tempos em tempos, seu relógio biológico dá uma guinada para frente ou para trás, e ele se vê viajando no tempo, levado a momentos emocionalmente importantes de sua vida tanto no passado quanto no futuro. Causados por acontecimentos estressantes, os deslocamentos são imprevisíveis e Henry é incapaz de controlá-los. A cada viagem, ele tem uma idade diferente e precisa se readaptar mais uma vez à própria vida. E Clare, para quem o tempo passa normalmente, tem de aprender a conviver com a ausência de Henry e com o caráter inusitado de sua relação.
A superação das dificuldades encontradas no relacionamento, a ausência e a saudade são tratadas com muita sensibilidade, inteligência e bom humor pela autora. O livro mostra que o verdadeiro amor é capaz de transpor todas as barreiras – inclusive a mais implacável de todas: o tempo.

Antes de começar essa resenha preciso deixar bem claro para vocês que nada do que eu escrever aqui jamais fará jus a beleza desse livro e não será suficiente para expressar o quanto essa história é maravilhosa. Esse livro tem uma profundidade que não dá pra ser traduzido em apenas algumas linhas, você precisa ler e viver essa história de amor que ultrapassou as barreiras do tempo.

Clare, quero dizer de novo, que te amo. Nosso amor foi o fio no labirinto, a rede embaixo de quem caminha na corda bamba, a única coisa verdadeira e confiável nessa minha vida estranha.
- Henry DeTamble

A Mulher do Viajante no Tempo é um dos livros mais lindos que eu já li, mas precisei de muita perseverança e paciência pra não desistir da leitura logo no início. A verdade é que eu queria entender essa forma diferente de viajar no tempo criada pela Audrey.
Na maioria dos livros ou filmes sobre viagem no tempo, o protagonista volta ao passado para desfazer alguma coisa errada, ou vai para o futuro para evitar que algo aconteça. Mas n'A mulher do viajante do tempo, o passado, o presente e o futuro coexistem, tudo ao mesmo tempo, em diferentes dimensões. O presente é a única coisa flexível, tanto o futuro quanto o passado são fixos, inalteráveis.
Tentar entender isso quase deu um nó em minha cabeça e depois de parar várias vezes a leitura e pensar muito, eu percebi que essa "viagem no tempo" tem algumas contradições - nas quais não vou entrar em detalhes aqui - que me impediram de me apaixonar a primeira vista por essa incrível história de amor.
Mas...o amor de Henry e Clare foi maior do que a minha tentativa de racionalizar as coisas e eu simplesmente me deixei levar, viajei no tempo com Henry; esperei dias, meses, anos junto com Clare; sofri suas perdas; comemorei suas alegrias e amei, amei muito porque é impossível não ser inundado por esse sentimento abordado de forma brilhante e única pela Audrey.

A profundidade das emoções demonstradas nesse livro, é inexplicável. A cada página virada a intensidade dessas emoções só aumentam. Preocupação, alegria, inconformismo, tristeza e por último aceitação. Antes do final nós sabemos o que vai acontecer, quando vai acontecer e como vai acontecer, mesmo assim eu esperei que fosse diferente, na verdade eu torci muito para que fosse diferente, mas o futuro e o passado são imutáveis, só o presente é flexível e o presente para Henry já tinha acontecido.

A história é um quebra-cabeça que vai se encaixando a cada página do livro. Algumas situações parecem inexplicáveis, sem sentido e até mesmo deslocadas, mas no decorrer da leitura essas situações acabam voltando e tudo que parecia não fazer sentido algum começa a se encaixar. Cada momento em que Henry viaja para o passado e encontra com Clare é fundamental para o entendimento da trama e para situações decisivas que acontecerão no futuro dos dois.

É incrível observar a paciência de Clare em sempre esperar que Henry volte, sem saber onde ele foi, como ele está ou quando vai voltar. O amor que eles viveram em um relacionamento nada convencional, foi mais forte que o destino, que a ausência, que as perdas e sofrimentos, que a velhice e até mesmo que a morte. O amor de Clare, incondicional e paciente, devotado e inesgotável, cultivado mesmo na ausência do seu amado, desafiou tudo, inclusive o tempo seu principal inimigo. Através de alegrias e tristezas, o amor e a devoção existente entre os dois se mostrou inabalável.

Gostei bastante de Henry, ele não é perfeito e tinha uma vida completamente desregrada antes de conhecer seu verdadeiro amor. Muitas mulheres, bebida e um pai alcólatra que ele não podia ajudar por estar sempre viajando no tempo, todos esse problemas o tornaram mais real em uma história tão surreal. Clare se tornou sua tábua de salvação, ajudando a manter sua sanidade quando tudo em sua vida parecia andar fora dos trilhos.

Algumas pessoas podem pensar que viajar no tempo deve ser algo legal e divertido, até mesmo lucrativo, afinal é possível descobrir os números da loteria antes que o sorteio aconteça e depois se tornar um milionário. Mas isso realmente não é algo legal, quando você some no dia do seu casamento ou no dia em que seu filho vai nascer. Henry não tem controle sobre quando irá viajar e para onde irá.
No início as viajens não parecem tão difíceis, mas com o tempo e desaparecendo em ocasiões tão importantes quanto as que eu falei acima, Henry tenta usar a ciência a seu favor e parar com as viajens, apartir dai percebemos que se deslocar no tempo está ficando cada vez mais perigoso e difícil para ele e que essa é uma doença sem cura que ele terá que enfrentar durante cada segundo de sua existência.

A história de amor nada convencional de Henry e Clare é linda e poética, trágica e maravilhosa, deslumbrante e mágica e com um dos finais mais lindos e emocionantes que eu já li em muito tempo. Ficamos sabendo o que irá acontencer com Henry antes do final chegar, mas o verdadeiro final, aquele que a Audrey preparou especialmente para nos levar as lágrimas, é surpreendente, doce, singelo e só deixa ainda mais claro o quanto o amor dos dois conseguiu ser vitorioso sobre seu maior inimigo: o tempo.

P.S.: O livro já tem uma adaptação para o cinema com o título "Te amarei para sempre". Concerteza eles devem ter feito uma grande cagada no filme, mesmo assim como já tenho ele aqui no computador vou me arriscar a assistir e concerteza passar muita raiva.

Avaliação (1 a 5):